De 10 a 21 de novembro de 2025, a cidade de Belém (PA) sedia a COP30 — 30ª edição da Conferência das Partes da United Nations Framework Convention on Climate Change (UNFCCC) — em um momento crítico para o futuro climático do planeta. A expectativa é que líderes mundiais, negociadores, sociedade civil, povos indígenas e setor privado alinhem metas e aceleração de ações para que o mundo não ultrapasse o limite de aquecimento de 1,5 °C. A conferência assume caráter de urgência: não se trata mais apenas de definir metas, mas de mostrar implementações reais, ampliar financiamento climático, adaptar comunidades vulneráveis e dar prosseguimento ao legado de Paris Agreement.
O que é a COP e como surgiu a ideia
- A UNFCCC foi adotada em 1992, durante a Earth Summit, com o objetivo de estabilizar as concentrações de gases de efeito estufa para evitar “interferência antropogênica perigosa” no sistema climático.
- O primeiro encontro da Conferência das Partes (COP) ocorreu em 1995, em Berlim.
- Desde então, as partes — atualmente 198 países ou partes interessadas da UNFCCC — reúnem-se anualmente para revisar a implementação da Convenção.
- A cada ano, esta conferência serve como o principal fórum multilateral para negociar ações de mitigação, adaptação, apoio financeiro, transferência de tecnologia e mecanismos de governança climática.
Quantos eventos já foram realizados
- A edição de 2025 será a 30ª reunião da COP — daí o nome COP30.
- Por isso, o evento representa três décadas de processos formais de negociação climática global: de meados dos anos 90 até hoje.
Objetivos principais da COP30
Segundo documentos oficiais da UNFCCC e do país anfitrião, alguns dos objetivos para COP30 incluem:
- Limitar o aumento da temperatura média global a 1,5 °C (ou o mais próximo possível) acima dos níveis pré-industriais.
- Acelerar a implementação do Acordo de Paris, por meio da apresentação ou atualização de Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) e de mecanismos de acompanhamento.
- Intensificar o financiamento climático, especialmente para países em desenvolvimento, com foco em adaptação, mitigação e mecanismo de “perdas e danos”.
- Promover uma transição justa para uma economia de baixo carbono, incluindo combate ao desmatamento, promoção de energias renováveis, proteção de florestas (em especial a Amazônia), justiça climática e participação de povos indígenas.
- Tornar o próprio evento “sustentável” ou “carbono-neutro”, como demonstração de compromisso.
Planos já em prática e iniciativas significativas
- O país anfitrião, Brasil, já lançou projetos de infraestrutura em Belém para sediar a COP30, com obras de saneamento, modernização urbana, estação de convenções e investimentos previstos de bilhões de reais (≈ R$ 4,7 bilhões) para preparar a cidade.
- A COP30 foi planejada para ser carbono-neutra: cálculo de emissões derivadas da conferência, incentivo à compensação por parte dos participantes e adoção de padrões ISO para eventuais emissões.
- O processo de diálogo para o “Círculo de Presidentes”, que reúne ex-presidentes de COPs anteriores para refletir sobre governança climática, já está ativo como legado de dar continuidade às decisões passadas.
- Instituições e ONGs reforçam a importância da COP30 como plataforma para inovação, soluções baseadas na natureza, proteção da Amazônia e envolvimento de comunidades locais, povos indígenas e jovens.
Cronologia resumida da governança climática
| Ano | Evento | Significado |
| 1992 | Adoção da UNFCCC | Início da governança internacional climática. |
| 1995 | 1ª COP, Berlim | Começo dos encontros anuais oficiais. |
| 1997 | Kyoto Protocol | Primeiro tratado com metas vinculantes de emissão para países industrializados. |
| 2015 | Acordo de Paris | Todas (ou quase todas) as partes se comprometeram a manter o aquecimento bem abaixo de 2 °C e perseguir 1,5 °C. |
| 2025 | COP30 em Belém | Marcará 30 anos de COPs e será realizada no Brasil, região amazônica — simbólico em termos ambientais e de justiça climática. |
Participantes e adesão
- A convenção da UNFCCC conta com 198 partes (197 Estados+1 organização regional) até o momento.
- Em teoria, portanto, praticamente todos os países do mundo fazem parte da UNFCCC e estão convidados a participar das COPs.
- Para a COP30, espera-se que delegações de mais de 190 países participem.
- Ainda assim, nem todos os países submetem ou atualizam suas metas no prazo ou com ambição suficiente: por exemplo, seis meses antes da COP30 apenas 21 países haviam enviado novas metas para 2035. (IIED)
Cumprimento de metas e situação atual
- De acordo com o relatório da Organisation for Economic Co‑operation and Development (OECD), até agosto de 2024, 110 países abrangendo cerca de 88 % das emissões globais haviam anunciado metas de “net-zero” até meados do século, mas apenas 27 países têm isso estabelecido por lei (cerca de 16 % das emissões globais).
- Em termos de envio de novas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) atualizadas para 2035, apenas 64 países tinham apresentado até outubro/2025, representando cerca de 30% das emissões globais.
- Segundo o levantamento apenas 15 países cumpriram o prazo para envio de metas atualizadas.
- Em termos gerais: o cumprimento pleno e o alinhamento com a meta de 1,5 °C ainda não foram alcançados — muitos compromissos precisam ser mais ambiciosos e convertidos em políticas concretas e medidas mensuráveis.

Principais desafios que emergem
- Apesar das décadas de negociação, o descompasso entre metas anunciadas e medidas efetivas persiste: as emissões globais ainda não mostram declínio suficiente.
- A participação plena (em termos de presença, envio de metas, implementação) ainda é desigual e às vezes atrasada — o que reduz a credibilidade e eficácia dos processos.
- A COP30 terá de lidar com o dilema de sempre: alcançar acordos ambiciosos e garantir que sejam implementados e transformados em ações reais.
- A escolha de Belém, na Amazônia, como sede traz um simbolismo forte — defende-se que seja uma COP de “soluções” para comunidades vulneráveis, florestas, justiça climática — e não apenas de metas técnicas.