Onze anos após desaparecer dos radares com 239 pessoas a bordo, o voo MH370, da Malaysia Airlines, continua sendo um dos maiores enigmas da aviação mundial. Apesar de buscas internacionais sem precedentes, análises de satélite e a localização de alguns destroços, o local exato da queda e a causa do desaparecimento do Boeing 777 jamais foram confirmados. Em 2025, o caso voltou ao centro das atenções com a retomada das buscas no sul do Oceano Índico, renovando a esperança de familiares e investigadores.
O avião decolou de Kuala Lumpur com destino a Pequim na madrugada de 8 de março de 2014. Cerca de 40 minutos após a decolagem, enquanto sobrevoava o Mar do Sul da China, a aeronave deixou de se comunicar com o controle de tráfego aéreo. O último contato registrado foi uma mensagem rotineira do comandante, sem qualquer sinal de emergência. Pouco depois, os sistemas de comunicação foram desligados e o voo desapareceu dos radares civis.
Dados militares indicaram que o avião fez uma curva inesperada, desviando-se da rota original e seguindo para oeste, sobrevoando a Península Malaia, antes de rumar para o sul do Oceano Índico. Análises posteriores de “handshakes” — sinais automáticos trocados entre o avião e um satélite — sugeriram que o MH370 permaneceu no ar por várias horas, até ficar sem combustível e cair em uma área remota e profunda do oceano.
Buscas e vestígios
Entre 2014 e 2017, uma força-tarefa internacional vasculhou mais de 120 mil quilômetros quadrados do fundo do Oceano Índico, na maior operação de busca submarina já realizada. O esforço terminou sem localizar os destroços principais. Em 2018, a empresa Ocean Infinity conduziu uma nova varredura, igualmente sem sucesso. Ao longo dos anos, fragmentos de aeronave apareceram em praias do Índico, sobretudo na costa africana e em ilhas como Madagascar e Reunião. Apenas três peças, incluindo um flaperon da asa, foram oficialmente confirmadas como pertencentes ao MH370.
Em 2025, o governo da Malásia autorizou uma nova tentativa de busca, novamente com a Ocean Infinity, concentrada em uma área menor considerada mais provável com base em modelos atualizados de deriva oceânica.
As principais hipóteses
Sem as caixas-pretas e o local da queda, investigadores evitam conclusões definitivas. Ainda assim, algumas hipóteses se destacam:
Desvio deliberado da rota
Uma das linhas mais debatidas sugere que alguém na cabine teria assumido o controle do avião e alterado intencionalmente o trajeto. O desligamento sequencial dos sistemas de comunicação e a precisão da mudança de rota alimentam essa possibilidade. No entanto, nunca foram encontradas provas conclusivas que confirmem uma ação intencional, nem um motivo claro.
Falha técnica grave
Outra hipótese considera um problema técnico complexo, como despressurização da cabine, que poderia ter incapacitado tripulação e passageiros. Nesse cenário, o avião teria seguido em piloto automático até o combustível acabar. Especialistas apontam, porém, que essa teoria não explica totalmente as mudanças de rota registradas nos dados iniciais.
Incêndio ou pane elétrica
Alguns investigadores levantaram a possibilidade de um incêndio a bordo, possivelmente no compartimento eletrônico, levando à perda de sistemas e ao desvio do voo. A ausência de sinais claros de emergência, no entanto, dificulta a comprovação.
Outras teorias
Hipóteses como terrorismo, interferência externa ou abate acidental foram analisadas, mas carecem de evidências e não são sustentadas por investigações oficiais.
Um enigma em aberto
Passados 11 anos, o desaparecimento do MH370 segue sem resposta definitiva. Para as autoridades, apenas a localização dos destroços principais e das caixas-pretas poderá esclarecer o que realmente aconteceu naquela madrugada de março de 2014. Até lá, o caso permanece como uma ferida aberta para as famílias das vítimas e um desafio histórico para a aviação mundial.